Seminário - Gestão Sustentável de Recursos do Tejo reúne especialistas nacionais na Escola Superior de Educação de Santarém
O Seminário - Gestão Sustentável de Recursos do Tejo iniciou-se sábado, dia 13, pelas 9h30 no auditório da Escola Superior de Educação de Santarém. Uma iniciativa da Confraria Ibérica do Tejo (CIT), em parceria com a Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém (ESGTS), a Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS), a Universidade Lusófona, o ISCTE-IUL, a Universidade Nova de Lisboa, a Universidade de Castilla La Mancha, a Universidade da Beira Interior (UBI) e a Confraria do Sobreiro e da Cortiça.
Ricardo Gonçalves Rato, Vereador da Câmara Municipal de Santarém (CMS), Joaquim Neto, Presidente da Assembleia Municipal de Santarém, e Maria João Cardoso, Chefe da Equipa Multidisciplinar de Ação para a Sustentabilidade da CMS, participaram no Seminário em representação do Municipio de Santarém.
Ricardo Gonçalves Rato começou por deixar os votos de bom trabalho a todos os intervenientes no Seminário, lembrando que o Tejo é também umas das grandes preocupações do Municipio de Santarém. O Vereador lembrou que em tempos um professor de geografia lhe falou que a Ribeira de Santarém era uma zona nobre, habitada pela burguesia, quando o rio Tejo era navegável. Esse docente adiantou-lhe que havia um estudo, que à data desse ano, retornaria o Tejo navegável no prazo de 50 anos e seria possível avistar golfinhos na zona da Ribeira de Santarém.
Para falar nos desafios do Municipio, o Autarca lembrou as recentes descargas poluentes no Rio Maior, com a grande mortandade de peixes e o impacto na biodiversidade que habita nestes ecossistemas. Neste caso, a existência de lontras que se alimentam de peixes, acabou por dar um contributo na limpeza.do Rio. Falando ainda da limpeza na foz do Rio Alviela, que estava condicionada pela extrema aglomeração de jacintos de água, sinal de poluição e da fraca corrente do Rio. Sem esquecer o projeto Reabilitar Troço a Troço (RTT), através da utilização de técnicas de engenharia natural, já com cerca de 15 intervenções em todo o Concelho, desde 2012.
O Vereador adiantou que para a Agenda 2030 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o Municipio de Santarém tem já inscrito o projeto “Corredor Azul”, que vai ligar Porto Pereiras, em Reguengo do Alviela (São Vicente do Paúl), a Caneiras, ao longo da margem do Rio Tejo.
Luís Capucha, Presidente da Assembleia da Confraria Ibérica do Tejo, foi o moderador do primeiro painel que contou com as intervenções de José Potes, Presidente do Instituto Politécnico de Santarém, para falar de “Mudanças climáticas e defesa do montado no Alentejo e Ribatejo”, António Carmona Rodrigues, Centro de Ciências Marinhas e Ambientais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que abordou o tema dos “Desafios atuais do rio Tejo e formas possíveis de os enfrentar”, e Emanuel Correia, da empresa espanhola Acciona, que fez uma apresentação sobre as “Mudanças climáticas, carências de água, necessidades de desenvolvimento e soluções de dessalinização”.
De referir que o Seminário prossegue até às 18 horas deste sábado e conta com as seguintes intervenções:
Susana Neto: Cooperação pública e privada para a concretização de uma política sustentável de recursos hídricos;
Jorge Paiva: A reflorestação e a renaturalização numa política integrada de recuperação dos ecossistemas da bacia hidrográfica do Tejo;
Anabela Cruces: Propostas de valorização da economia do meio ambiente da bacia hidrográfica do Tejo;
João Serrano: Propostas para a definição de uma política integrada de defesa dos ecossistemas do Tejo;
Bernardo Quintella: Peixes migradores do rio Tejo: passado, presente e futuro;
Cristina Fael: Aplicações da engenharia fluvial na recuperação de ecossistemas ribeirinhos do Tejo;
José Gameiro: Mudanças climáticas, exigências e experiências de reflorestação com espécies autóctones;
Enrique García Gómez: O Tejo na região de Toledo;
Ángel Monterrúbio Perez: O efeito dos transvases do Tejo para a economia de Castilla-La Mancha e para as suas comunidades.
Mesa redonda (tema): MUDANÇAS CLIMÁTICAS, DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Jorge Froes: Fundamentação e propostas de sistemas de regadio para a Lezíria e o Oeste;
Nuno Oliveira: Biodiversidade e ecossistemas na adaptação e mitigação das alterações climáticas em agricultura biológica;
Carmona Rodrigues: Desafios atuais do rio Tejo e formas possíveis de os enfrentar;
Pedro Oliveira: Contributos para uma estratégia de eficiência coletiva da bacia hidrográfica do Tejo.
Mesa redonda (tema): MUDANÇAS CLIMÁTICAS E POLÍTICAS ACERTADAS
Jaime Melo Baptista: O sector dos recursos hídricos e dos serviços de águas do Tejo e a sua utilidade pública;
Pedro Ribeiro: O papel das autarquias ribeirinhas na proteção e valorização dos ecossistemas do Tejo
ACCIONA (Espanha): Mudanças climáticas, carências de água, necessidades de desenvolvimento e soluções de dessalinização;
José Mira Potes: Mudanças climáticas e defesa do montado no Alentejo e Ribatejo.
Os objetivos do Seminário
“A realização deste Seminário visa contribuir para debater publicamente os problemas que afetam a bacia hidrográfica do Tejo em Portugal e em Espanha, especialmente os da falta de água e do estado em que o Tejo e os seus afluentes se encontram. “A partir do debate ir-se-á propor um conjunto de medidas para o presente e para o futuro, com o objetivo de garantir cursos de água em boas condições para as nossas gerações e as que se nos irão seguir”, como informa a organização em comunicado.
Será dada importância ao estado dos ecossistemas ribeirinhos e em particular à fileira agroalimentar assente na sustentabilidade dos recursos naturais (hídricos). No entanto, o próprio conceito de sustentabilidade terá em conta a forma como gerimos a atual e dramática escassez de água para garantir no futuro pelo menos as condições que tínhamos no Tejo no passado.
Trata-se de identificar problemas e apresentar propostas de soluções que só podem resultar no longo prazo – mas previsíveis desde já porque têm que ser rigorosamente planeadas e executadas a partir do curto prazo -, se se tomarem as medidas adequadas de políticas públicas e privadas que exigem cooperação e entendimento de todas as partes interessadas, em Portugal e em Espanha.
Serão focados os problemas da desflorestação, da perda de habitats, dos obstáculos artificiais, da poluição, da erosão, dos excessos sedimentares, da total ausência de caudais naturais e do estado das águas da bacia hidrográfica. O Tejo será visto como um recurso natural comum apontando-se a subsidiariedade como uma regra indispensável, conforme com o direito hídrico internacional, coerente com a Constituição da União Europeia e de cada um dos Estados Ibéricos.
Abordar-se-á a problemática inovadora em Portugal das fontes alternativas de recursos hídricos, com recursos a novas tecnologias, já testadas um pouco por todo o mundo – especialmente em Espanha – e que, se devidamente considerados, poderão contribuir para resolver os dramáticos problemas de escassez de água ctualmente existentes, sem necessidade de sobre-explorar um recurso hídrico que se já encontra para além dos limites do aproveitamento racional.
Ter-se-á a perspetiva da forma como se poderá agir desde já com os olhos postos no futuro, tendo em conta as graves alterações climáticas e o progressivo e anunciado processo de desertificação da península ibérica, e propor-se-á a abordagem de uma metodologia e uma praxis conjunta – plural e inclusiva -, ibérica e europeia, que possa conciliar as necessidades económicas com as exigências de um enorme esforço de gestão dos recursos da bacia hidrográfica do Tejo e de reposição do estado natural dos ecossistemas ribeirinhos para as futuras gerações”.
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