Comemorações do 25 de Abril prosseguem com Homenagem ao Padre Nuno/Xico Nuno e apresentação de Livro de Helena Pato
As comemorações do 25 de Abril em Santarém, prosseguem amanhã, dia 27 de abril, às 15h00, com a homenagem ao Padre Nuno/Xico Nuno, no Convento de S. Francisco.
Nesta homenagem, é apresentado o Livro de Memórias “Padre Nuno/Xico Nuno”, sobre o seu percurso de vida, com testemunhos de antigos alunos, colegas e amigos dos diversos locais por onde passou.
Após a receção aos convidados, amigos e a todos os que se associarem a esta homenagem, tem lugar a cerimónia de abertura por Ricardo Gonçalves, Presidente da Câmara de Santarém, por Pedro Ferreira, Presidente da Câmara de Torres Novas e por João Luiz Madeira Lopes, Presidente da Comemorações do 25 de Abril – Associação Cultural.
A sessão prossegue com a apresentação do Livro, por Jorge Custódio. A sessão conta ainda com um momento de Poesia por Maria da Purificação Nunes, momento Audiovisual, por José Alberto, ex-aluno do Seminário de Santarém, residente em Porto Rico, e por um momento Musical pelo Coro do Círculo Cultural Scalabitano e pela Banda da Sociedade Filarmónica União Matense.
Esta iniciativa conta ainda com uma Exposição de Pinturas do Xico Nuno, no Claustro do Convento de S. Francisco.
Várias têm sido as homenagens realizadas por ex-alunos, amigos e colegas de diferentes locais por onde passou o Padre Nuno/Xico Nuno, nomeadamente, na Mata, em Setúbal e Santarém.
Francisco Nuno Oliveira Rodrigues, natural da Mata, freguesia da Chancelaria, concelho de Torres Novas, nasce a 14 de março de 1934.
Ingressa no Seminário de Santarém aos 11 anos e continua a sua formação sacerdotal nos Seminários de Almada e Olivais, sendo ordenado sacerdote a 15 de agosto de 1957.
É nomeado para professor e prefeito no Seminário de Santarém, onde inicia funções a 1 de outubro; aqui desenvolve com os jovens seminaristas vários desafios na área da música, teatro e desporto. Com uma vertente artística muito marcada, pinta algumas obras que expõe, de forma individual e coletiva na cidade. Excelente caricaturista, tem um grande espólio na área do desenho.
Torna-se sócio do Cine Clube de Santarém e cria uma forte amizade com o seu presidente Manuel Alves Castela e participa em vários serões musicais e tertúlias com os intelectuais da Cidade.
Em setembro de 1963 é nomeado professor de Religião e Moral do Liceu Nacional de Santarém, e fica também com a responsabilidade dos Colégios Andaluz e Santa Margarida, a Mocidade Portuguesa, a JEC (juventude escolar católica) do Liceu Sá da Bandeira.
Preocupado com a Juventude, dinamiza com os jovens estudantes das escolas da cidade, o NATAL DO ESTUDANTE, que na época foi uma autêntica revolução; no primeiro ano o espetáculo é apresentado no Ginásio do Seminário, posteriormente, no Pavilhão da FNAT, no Campo da Feira do Ribatejo e por fim, no Teatro Rosa Damasceno.
Os espetáculos são sempre um verdadeiro sucesso, trazendo para os mesmos, artistas conhecidos na época e apresentadores como Fernando Correia e a Orquestra da então Emissora Nacional.
Cria e dinamiza o SCOJ - Secretariado Cristão dos Organismos Juvenis, um andar que aluga e que serve de apoio aos jovens que ali podem estudar, conviver e que se torna mais tarde num Lar para Estudantes.
Rapidamente, cria um pequeno jornal para divulgar o que se faz na casa a que chama também SCOJ. O jornal serve de comunicação para a juventude da cidade e para os que já seguiram para as Universidades e para a guerra colonial.
Nessa casa organiza debates onde são abordados temas tabu para a época, como a Educação Sexual. O jornal está aberto a todos os que quiserem colaborar, sendo um meio onde os jovens expressam, não só a sua criatividade como expõem as suas dúvidas. O Padre Nuno está sempre disponível para os ouvir e aconselhar.
Organiza diversas excursões a Lisboa, para assistir a peças de Teatro, Ópera e exposições que posteriormente servem para tema de debates nas aulas de Religião e Moral.
É Vice-Presidente da Associação Académica de Santarém, organizou torneios de futebol entre escolas da Cidade, assim como entre professores do então Liceu de Santarém e do Seminário.
Para além das excursões a Lisboa, organiza também excursões a Espanha em 1964 e 69, a Torremolinos, Sevilha e Madrid.
Participa em reuniões da Oposição em 1969. Perseguido pela PIDE é expulso do Liceu, no fim do 2º período, altura em que também é encerrado o SCOJ - Jornal e Casa/Lar de Estudantes.
De 1970 a 1974 é colocado, por pequenos períodos, no STELLA MARIS - Organização da Igreja Católica para apoio aos tripulantes dos navios mercantes e pescadores, Paróquia da Ajuda em Lisboa e Externato Diocesano Frei Luís de Sousa em Almada.
Em 1975 pede a redução ao estado laical e casa com uma sua ex-aluna do Liceu de Santarém, numa cerimónia religiosa.
De 1975 a 1982 vive e trabalha em Torres Novas onde é professor na atual Escola Maria Lamas. Em abril de 1976 funda um jornal - A FORJA do qual é diretor até setembro de 1982.
Em setembro de 1982, por razões de ordem familiar, ruma a Setúbal, sendo colocado como professor de Português e Latim na atual Escola Sebastião da Gama.
Membro ativo do MDP - Movimento Democrático Português tem uma intensa atividade política e é membro da sua Comissão Nacional.
A sua atividade cultural não se resume às diversas atividades que desenvolve com os alunos, como o Festival de Teatro com as escolas da Cidade, a Semana da Cultura e Língua Portuguesa, o 30º Aniversário do edifício da Escola Sebastião da Gama, ou o Centenário do Ensino Industrial em Setúbal.
Dinamiza e participa como ilustrador de livros de Poesia de poetas setubalenses.
No verão de 1989 é-lhe diagnosticada uma Leucemia Aguda. Tenta-se o transplante de medula em Londres o que, infelizmente, não acontece e vem a falecer em Inglaterra a 10 de novembro de 1989. O velório é feito no Ginásio da Escola.
No dia 30 de abril, às 21h30, tem lugar o lançamento do Livro “A Noite Mais Longa de Todas as Noites I 1926 – 1974”, de Helena Pato, no Centro Cultural Regional de Santarém - Fórum Mário Viegas, com apresentação de Ana Carita, professora universitária, que foi dirigente do MDP, na década de 70.
Helena Pato nasceu em Mamarrosa (Aveiro), em 1939. Licenciada em Matemáticas, professora, a sua vida profissional tem sido inteiramente dedicada ao ensino de crianças e jovens e à formação de docentes. Lecionou durante 36 anos no ensino público e publicou livros e estudos, no âmbito da Pedagogia e da Didática da Matemática. Coordenou Suplementos de Ciência e de Educação em jornais diários.
Tem publicados livros, trabalhos e estudos, no âmbito da Pedagogia e da Didática da Matemática. Dirigiu o suplemento de educação do jornal "O Diário".
Foi dirigente da Associação da Faculdade de Ciências de Lisboa, no início da década de 60 e dirigente política da CDE, de 1969 a 1973. Em finais da década de 60, foi uma das fundadoras do Movimento Democrático de Mulheres.
Fez parte do núcleo de professores que, no início da década de 70, criou e dirigiu os Grupos de Estudo do Pessoal Docente e fundou os primeiros sindicatos de professores. Pertenceu às primeiras direções do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa.
Nas duas décadas que antecederam a Revolução, militou ativamente na resistência ao regime fascista. Esteve no exílio durante três anos. Foi presa e detida pela polícia política, várias vezes.
Dirigente do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória - NAM, desde 2008; Presidente do NAM de 2012 a 2014. Em 2013 criou no Facebook e coordena, desde então, a página “Antifascistas da Resistência” e o grupo “Fascismo Nunca Mais”.
Publicou dois livros de memórias do fascismo: “Saudação, Flausinas, Moedas e Simones” (2005, Editora Campo das Letras) e “Já uma Estrela se Levanta” (2011, Editora Tágide).
Em 2018, publica “A Noite Mais Longa de Todas as Noites I 1926 – 1974”, das Edições Colibri.O programa das Comemorações do 45º aniversário do 25 de Abril em Santarém é coorganizado pela Câmara Municipal de Santarém e pelas Comemorações do 25 de Abril - Associação Cultural e conta com a parceria da Associação Aqui Há Gato, Associação FITIJ, Associação José Afonso, Centro Cultural Regional de Santarém, Cineclube de Santarém e Círculo Cultural Scalabitano.