Rui Massena: Mil Emoções no Teatro Sá da Bandeira em Santarém
‘III’ o novo álbum de Rui Massena que mereceu selo internacional da prestigiada Deutsche Grammophon, talvez a mais importante marca do universo da música erudita, foi apresentado esta noite, dia 25 de outubro, no Teatro Sá da Bandeira de Santarém.
Com lotação esgotada, o maestro e compositor portuense a solo no palco com o seu piano durante uma hora “desfilou” um fascinante universo de melodias mágicas e profundas, num espetáculo único e surpreendente.
Um novo álbum que apresenta uma incursão no mundo da eletrónica à descoberta de novos sons.
Rui Massena é luz, cor e som. É mil emoções…
Com o Teatro Sá da Bandeira de Santarém lotado a luz apaga-se, o concerto vai começar. Surge o compositor e o pianista Rui Massena no centro do palco, sozinho, sob um foco de luz.
Já no piano ‘Steinway’ e do seu primeiro disco de originais ‘Solo’ começa por tocar ‘Fé’, que escreveu durante uma residência artística em Alfandega da Fé e que associa a “uma ideia de calma, de um começo, de um tempo próprio”.
O primeiro momento marca o início de uma jornada irrepetível. A melodia épica pode ser digna de acompanhar um filme, mas não precisa de o ser.
Parte-se então para “Família”, música com um lado emotivo particularmente carregado. Articulam-se as notas agudas com as graves de piano e depois para ‘1 Flocos’ do seu novo álbum ‘III’.
A escuridão no palco mantém-se e Massena continua com “Dias Assim”. O facto de se encontrar sozinho no palco não o intimida de todo; pelo contrário, está confortavelmente no seu meio. As suas mãos percorrem todo o comprimento do piano, os seus dedos tocam em todas e cada tecla, de um jeito que apenas ele sabe fazer. numa relação quase telepática.
Interrompendo os muitos aplausos que se seguiram Rui Massena descontraído, informal e visivelmente feliz, deseja “Boa noite!”à assistência.
Rui Massena apresenta ao vivo o seu novo álbum ‘III’ lançado em novembro do ano passado pela Universal produzido pelo próprio e por Mário Barreiros. Gravado no Porto e em Berlim onde trabalhou com Tobias Lehman, vencedor de 3 Grammy e veterano da Deutsche Grammophon. ‘III’ é um disco que “promove a tranquilidade” como se fosse “algo terapêutico”.
Rui Massena é um divulgador incansável de música erudita, premiado internacionalmente, com um largo currículo como maestro sendo o primeiro maestro português a dirigir no Carnegie Hall, Nova Iorque em 2007. Foi maestro convidado da Sinfónica de Roma durante as temporadas 2009/2011, lançou dois álbuns ‘Solo’ e ‘Ensemble’ em 2015 que chegaram ao primeiro lugar dos tops. Foi maestro da Fundação Orquestra Estúdio ligada a Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura transformando-a num estrondoso caso de sucesso e colaborou com os ‘Expensive Soul’ onde a música clássica encontrou espaço ao lado do ‘hip hop’ moderno.
Em Santarém, Rui Massena vai interagindo com o público conforme vai estreando o novo disco. Segue-se ‘Meditação’, ‘Hiberno’ e depois ‘Borboleta’.
Depois interpreta ‘Valsa’, tema que integrou uma compilação da “Deutshe Grammophon” com outros compositores de referência do panorama internacional. O ritmo contagia um público profundamente absorto, perdido no som e no sentimento.
Pelo meio troca o ‘Steinway’ pelo pequeno piano vermelho do seu filho. Pura magia… De volta ao ‘Steinway’ surpreende também a vasta audiência com uma belíssima interpretação de ‘Imagine’ de John Lennon. ‘Imagine’ é uma canção do álbum de mesmo nome, escrita por John Lennon e Yoko Ono. Lançado em 1971, foi o single mais vendido da carreira a solo de Lennon e virou um hino para paz, sendo gravado por diversos artistas, entre eles Madonna, Elton John e Stevie Wonder.
O brilhante espetáculo continua. Sem parar ao piano segue-se ‘Estrada’ e depois as primeiras notas de ‘D Day’ partem do piano e instantaneamente chegam ao coração e à alma de todos os presentes. Ouvem-se suspiros. De música em música prossegue com ‘Memoires’, ‘Amanhecer’ e ‘The Tree’. Rui Massena não canta, mas espanta e a todos encanta.
Na despedida o pianista portense elege 'Abem'. O Teatro Sá da Bandeira de Santarém inteiro levanta-se e aplaude durante o que parece uma eternidade. Perante a ovação, Rui Massena volta ao palco e ao piano para mais quatro temas. Rui Massena faz também uma experiência onde Santarém serve de inspiração. O maestro dá os tons. Todos cantam sob aplausos. Uns com vozes, graves e agudas, afinadas ou não. O “eu sei que o texto não é fácil” do maestro faz soltar risos pela sala. “Respirar antes de cantar, okay?”. Afinal, maestro é sempre maestro.
No final é anunciada uma sessão de autógrafos na entrada com Rui Massena. No corredor, ouve-se “muito agradável, “magnífico”, “brilhante”, entre diversos outros elogios. Independentemente da escolha de palavras, uma coisa é certa: esta é uma noite que fica guardada no coração de todos.
Rui Massena, é sem dúvida o artista de música clássica que em Portugal se tornou numa das maiores referências, atuais, no universo da música erudita.