Veto Teatro Oficina
Desde 1895, que se faz teatro neste espaço ao qual se atribuiu o nome do ator Taborda. O Teatro Taborda foi fundado por um grupo de amantes e amadores do teatro, em Santarém e, aos poucos, sem pressas, transformaram um picadeiro, aqui pré-existente, num espaço para Teatro.
Esta associação produziu, ininterruptamente, espetáculos de teatro musicado, operetas e comédias, alguns das quais com músicas e letras de produção local, outros foram interpretações de peças portuguesas e estrangeiras.
Assim, este espaço marcou a formação cultural da cidade de Santarém, a partir de 1895, incentivando músicos, artistas e escritores, para a composição musical para teatro e também para orquestra, a criação teatral, em todas as suas vertentes e, mesmo, a dramaturgia e a poesia.
Em Outubro de 1969, José Ramos, José António de Oliveira Beja, Nuno Netto de Almeida, António Júlio, ex-alunos do Professor Carlos de Sousa e, Carlos Oliveira, deram força a um projeto, começando por representar teatro para crianças, aos domingos de manhã. Espetáculos com entradas gratuitas, no Teatro Taborda a que se seguiam representações em itinerância. É nesta altura que surgem, no Círculo Cultural Scalabitano, pela segunda vez os palhaços, interpretados agora por António Júlio e Carlos Oliveira, o Pantufa e o Farófias.
Até Maio de 1973, viveu-se um período de grande entusiasmo, sendo montadas 12 peças de teatro para crianças, apesar das muitas dificuldades e da total falta de apoio oficial, próprio da época que se vivia.
A 5 de Julho de 1973, o grupo assume o nome de Veto Teatro Oficina, estreou-se um espetáculo de grande ousadia política, dirigido e representado por Carlos Oliveira, Gomes Vidal, Maria João, Helder Santos, Nuno Domingos, José Ramos e António Batalha.
Um ano mais tarde, houve conhecimento do processo instaurado pela polícia política (PIDE) e das graves consequências que nos atingiriam em Maio, se não tivesse acontecido a alvorada de Abril de 1974.
Finalmente, começou a representar-se em liberdade e, desde então, nestes últimos trinta anos, assistiu-se ao mais intenso período de produção teatral, desde que esta arte teve início no teatro Taborda.
A este respeito, realça-se a organização do "Encontro de Mãos Dadas", ação de formação dedicada a grupos de teatro, entre outros projetos.
O Veto foi fundador da APTA – Associação Portuguesa de Teatro de Amadores, da ARSTA – Associação Regional de Santarém de Teatro de Amadores, do CPTIJ – Centro Português de Teatro para a Infância e a Juventude, instancia que juntava atores profissionais e amadores.
Durante estes anos, elementos do grupo participaram em ações de formação na Irlanda, Finlândia, Hungria, Polónia (mais do que uma vez), França, além de vários em Portugal.
As produções do Veto puderam ser vistas em países como os Estados Unidos, Republica Checa, Inglaterra, França, Finlândia, Espanha e Brasil.
O Nome do Veto
Em Maio de 1973, o Carlos Oliveira e o Gomes Vidal, tinham lido que em maio de 1897, Konstantim Stanislawsky¹ ,recebeu convite do dramaturgo Nemirovitch Dantchenko, para fundarem o "Teatro Artístico de Moscovo".
Ficou então acordado entre ambos e exarado em ata que nas suas produções, o primeiro (Stanislawsky) teria direito de veto nas questões artísticas e o segundo (Dantchenko) teria direito de veto nas questões literárias.
Na altura, escreveram na acta que bastava que um deles "...proferisse a palavra mágica VETO, para que a questão ficasse imediatamente solucionada, sem possibilidade de nova discussão, recaindo todo o peso da respetiva responsabilidade sobre aquele que a pronunciara."
Em 1973, as sete pessoas que reiniciaram a atividade do grupo², também queriam exercer o seu direito de veto em relação a muitas coisas que se passavam na sociedade portuguesa, mas as condições objetivas em que se vivia, tal não permitia.
Então resolvemos que se não podíamos exercer o direito de Veto, ao menos podíamos anunciar essa vontade. Foi o que fizemos assumindo-o como nome.
Rua Maestro Luís Silveira nº 4, 2000-117 Santarém
243 321 150 / 914 056 181